“A pequena bolota que não germinou” apresentado em cerimónia intimista

Foi no Centro Cultural Marcelo Rebelo de Sousa que esta sexta, 20 de setembro, foi apresentado o livro “A pequena Bolota que não germinou” de Joana Costa. Um momento carregado de emoção, numa cerimónia que envolveu a vasta plateia curiosa por saber um pouco mais do livro e da autora.

Uma obra que nasceu de uma experiência pessoal sobre a perda gestacional e que ajudou a autora “a dar um sentido a uma experiência difícil, o vazio que fica, a escrita ajudou-me a perceber que esta perda fez nascer muita coisa em mim, um processo de transformação que se iniciou, um processo muito difícil, que faz parte de mim, que fará sempre parte de mim, mas que estou a aprender a lidar”. Em forma de comparação a autora disse-nos “que as arvores também passam por muitas tempestades, mas são as raízes fortes e a sua flexibilidade, que as ajuda a suportá-las”. Mas tal como as árvores se apoiam umas à s outras, também  eu contei com o apoio do meu companheiro, familiares e amigos que foram e são colo. A escrita de um livro infantil foi a forma de explicar aos sobrinhos  a perda do bebé bem como a sua dor, de forma natural, “quando descobri que estava grávida comecei por escrever um pequeno livro onde relatava as minhas experiências, quando percebi que o bebé já não crescia, que o seu coração já tinha parado, foi um momento muito difícil para mim. Tenho sobrinhos que sabiam que eu estava grávida, mas não sabíamos bem como explicar-lhes. Procurei livros infantis sobre a perda gestacional, não encontrei muitas opções, e a que encontrei não achei ser a forma ideal de lhe explicar devido à idade deles, por isso, fomos explicando de outra forma, mais simples e com recurso à natureza por ser uma temática concreta e com a qual estão  familiarizados, e foi por aí que começou a ideia… durante a minha licença, agarrei-me ao computador e comecei a escrever…”. Este processo de escrita foi também  terapêutico,  ajudando-me a encontrar um sentido para a minha experiência, integrando e digerindo a dor.

A decisão de publicar foi um momento mais tardio e deveu-se à necessidade da autora de tornar esta dor “mais pública, senti necessidade de a partilhar, o meu processo de luto, para que não esqueça nunca, o meu bebé”. Ao mesmo tempo, “em contexto profissional, percebi que haviam muitas mulheres a passarem por situações semelhantes, bem como crianças  em processo de luto por diversos tipos de perda e mais uma vez os livros infantis, são uma forma de mostrar às crianças e aos adultos que a vida não é sempre feliz, e que os contextos menos agradáveis fazem parte, mas é preciso saber lidar com eles…”.Além disso é necessário trazer à luz uma vivência que é tão  comum e muitas vezes vivida de forma solitária pelas famílias, visto ser um luto muitas vezes desvalorizado pela sociedade.

Um retrato que deixou o público emocionado nesta procura incansável de “honrar a minha bolota, a perda gestacional é uma perda difícil”.

Esta obra está disponível para compra junto da autora e nos locais habituais e mostra-se, uma “excelente forma de partilhar o conhecimento, a criatividade, a inspiração, a transformação pessoal , as experiências marcantes e únicas que nos marcam, a arte de transformar em palavras as emoções, criando empatia e compreensão” disse o autarca celoricense, presente na apresentação da obra. Numa semana particularmente difícil por causa dos incêndios, José Peixoto Lima, não pode deixar de olhar para esta obra de forma metafórica, “é um apelo à responsabilidade enquanto comunidade, a vida coloca-nos em situações muito difíceis e marcantes, difíceis de lidar, que nos colocam contra a parede, que nos sufocam e dilaceram o coração, situações que colocam em causa tanta coisa, momentos de plena impotência, é agora altura de reconstruir, mudar rumos e estratégias”. O autarca acrescentou que “as experiências servem para nos orientar, assim foi com a nossa autora, que fez de uma experiência marcante, um momento de sabedoria para si mas sobretudo para quem lê esta obra, carregada de emoção e simbolismo”.

José Peixoto Lima acrescentou que a autarquia tem uma linha de apoio aos autores e escritores locais para lançamento de obras literárias, reconhecendo “as dificuldades na produção literária, com custos muito elevados para a maioria dos autores, sobretudo os que lançam obras pela primeira vez”.

A escritora foi nesta sessão apresentada por Luís Moura, que a caracterizou como alguém “que toca no coração de quem a rodeia”, num exemplo de superação, alegria e resiliência, onde “o amor salva”.

A apresentação desta obra contou ainda com a atuação musical dos Ritmia, que interpretaram duas músicas, “que o amor te salve nesta noite escura” de Pedro Abrunhosa e Sara Correia e “tu és a estrela” da Carminho, e dois momentos de leitura de dois textos da autoria da Joana Costa pela voz de Tânia Magalhães.

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